Preparando o caminho para um novo mundo: |
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Nos, representantes da sociedade civil, de diversos estratos e sessenta paises, reunidos em Genebra para uma Cumbre Alternativa do 22 ao 25 de Junho, em resposta ao Apelo de Bangkok e na véspera da Sessão Especial da Assembleia Geral das Nações Unidas sobre o desenvolvimento social, reconhecemos plenamente o desafío que enfrentam os povos na sua luta para alcançar o desenvolvimento social no contexto da globalização. Temos adotado a seguinte declaração, e convidamos todos os movimentos, sindicatos, ONGs, grupos e associações engajados na luta contra a globalização neo-liberal e sexista, a assinar. Desta forma, tencionamos globalizar nossa luta e juntos abrir o caminho para um Novo Mundo.
l. Globalização num Estado de Crise O novo milenio anuncia crescente desigualdade entre os países do Norte e do Sul, entre aqueles do Este e do Oeste e, dentro de cada país, entre os ricos e os pobres, entre hómens e mulheres, entre os jóvens e os velhos, entre as áreas urbanas e rurais. Mais e mais gente sofre com a pobreza, inclusive nas sociedades mais afluentes, enquanto a humanidade produz consideráveis quantidades de riqueza. A globalização neo-liberal acentúa essas desigualdades. Todos são afectados, mas as mulheres e as crianças pagam o preço mais elevado, pois as políticas neo-liberais intensificaram a feminização da pobreza, empurrando mulheres e crianças à industria global do sexo e exacerbando a violência pre-existente contra as mulheres. Portanto, a globalização não é só neo-liberal, mas também sexista. A globalização também se carateriza pela sua política de retornos imediatos, exaurindo os recursos do planeta. Promovendo o dominio das finanças sobre todos os aspectos da vida, enfraquece a democracia, os estados nacionais, os mecanismos de solidariedade social e os serviços públicos. E ainda favorece a livre circulação de bens mas evita o livre movimento das pessoas, o que resulta na explosão da emigração: imigrantes que sofrem de exclusão, explotação, xenofobia e racismo. Finalmente, viola os direitos humanos mais básicos (civis, políticos, económicos e culturais), transformando o modelo neo-liberal num verdadeiro crime contra a humanidade. Em resposta ao aumento da oposição de crescente número de pessoas, e ao manifesto fracasso das políticas neo-liberais, o sistema adopta a linguagem da "globalização humanizada". De um lado, tem co-optado o programa social e está tentando enganchar à sociedade civil neste processo, oferecendo influenciar, por exemplo, o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional nos programas de Desenvolvimento e Redução da Pobreza; enquanto que pelo outro lado, tenta dividir e aumenta a repressão contra os movimentos de massa, os sindicatos e as ONGs, visando enfraquecé-los. A globalização neo-liberal também conduz a muitos conflitos armados, que continuam dizimando populações e esgotando os orçamentos nacionais, favorecendo a industria de armamentos. O crescente papel dos "poderes", reminiscente de tradições imperialistas, consentido pelo reagrupamento dos seus exércitos sob o controle da NATO, está desintegrando as culturas locais e a solidariedade, e instiga a rebeldía entre etnías e a desintegração da sociedade. Isto aumenta o risco de guerras, às vezes sob o pretexto de manter a paz, e o surgimento de atitudes sectárias que podem tomar a forma de fundamentalismo ou ultra-nacionalismo. Por exemplo, com o pretexto de lutar contra o tráfico, o governo dos Estados Unidos aumenta a repressão contra movimentos insurgentes, em particular na região Andina Latinoamericana, reprimindo os movimentos sociais a través da instalação de poderosas bases militares no Equador. E com a aprovação do Plano Colombia, exacerba os conflitos armados no país e pode levá-los a extender-se por toda a região. Um outro exemplo é a forma pela qual a mesma política externa Americana pode levar à "instrumentalização" dos grupos fundamentalistas, como no caso do Afganistan, onde a ditadura Talibana se sustenta através do comércio de ópio. Não existe uma resposta única para as crises, mas o fato de esses conflitos existirem, impõe maior urgência ao desenvolvimento da solidariedade entre os povos, para reforçar ou criar novas estruturas populares, especialmente sindicatos ou associações que possam levar adiante ações de emancipação e luta, evitando cair nas soluções reacionárias ou aceitar os ditados dos poderes Ocidentais. Nós queremos construir um mundo melhor, baseado nos direitos humanos para o desenvolvimento total, onde homens e mulheres possam viver em igualdade, onde não haja discriminação ou exclusão, e no qual as pessoas e seus conhecimentos sejam respeitados. Sublinhamos a importância de respeitar os direitos humanos fundamentais e, especialmente, de implementar direitos econômicos, sociais e culturais; a importância de usar instrumentos de direitos humanos regionais e internacionais, como base para criticar o modelo neo-liberal dominante; e a importância de encorajar os Estados Soberanos a cumplir com suas obrigações no que diz respeito aos direitos humanos. 2. Redes de Ação As lutas sociais tem assumido dimensão internacional ao longo dos últimos anos, com o objetivo de exigir uma distribuição justa e responsável de riquezas. Em 1996 os Zapatistas tomaram essa iniciativa, organizando o Primeiro Encontro Internacional em prol da Humanidade e contra o Neo-liberalismo, que unificou as lutas dos mais diversos lugares, e conclamou os povos a criar uma rede de movimentos de resistência. De um lado, isso estabeleceu os fundamentos, e do outro, proclamou as normas de muitos dos movimentos atuais contra a globalização. Não surpreende que, tanto o governo como as potencias ocidentais, procurem destruir as Comunidades Zapatistas, para eliminar o ponto inicial desta resistência contra eles. Depois, seguiú a mobilização a nivel mundial ou arredor de campanhas sobre temas específicos, como a Marcha Mundial de Mulheres, que conseguiu denunciar a pobreza e a violência contra as mulheres; iniciativas seguindo os eventos da OMC, em especial o lançamento da Ação Global dos Povos contra o "Livre" Comércio e a OMC (AGP); e muitos outros movimentos demasiado numerosos para serem mencionados aquí. Esses movimentos frequentemente apontam aos direitos sociais e ao meio-ambiente, como é o caso da campanha Latno-americana que se organiza todo ano em 12 de Outubro, "O Grito dos Excluídos". O sucesso das rescentes manifestações nos Estados Unidos segue ao surgimento, durante os últimos anos passados, de uma série de campanhas de massa de impacto global. Essas incluiram a campanha pelo cancelamento da dívida dos países pobres, encabeçada particularmente por grupos sob a bandeira do "Jubileu 2000"; a campanha contra o MAI; a campanha pelo controle e taxação do capital, conduzida pelo ATTAC e outros; a campanha contra a OMC ou contra seu crescente poder e abrangência; assim como a campanha contra o FMI/Banco Mundial e seus programas de reajuste estrutural e outras reformas econômicas. A própria escalada destes movimentos testemunha a emergência de uma situação totalmente nova. Suas responsabilidades tem aumentado pela crescente atenção que suas ações tem atraído pelo mundo fora, a cobertura da média internacional e o aumento das consequentes expectativas, não somente por parte das organizações militantes, mas também por parte de uma grande porção da opinião pública mundial. 3. Traçando os Caminhos para o Novo Mundo. Essas campanhas revelam a crescente rejeição aos resultados da globalização neo-liberal, que serve aos interesses dois estados dominantes, do setor financeiro e das corporações multinacionais. - As Questões Sociais estão no coração dessa rejeição O neo-liberalismo tem contribuido para reduzir o papel do Estado, enfraquecendo os serviços públicos (por exemplo, privatizando os sistemas de atendimento médico, educação e seguros sociais e ameaçando assim a saúde, a educação e a aposentadoria); atacando os direitos sociais e enfraquecendo o poder dos sindicatos. A maneira na qual se desenvolveu a globalização neo-liberal, desde o início dos 90, tem acelerado ainda mais este processo e aumentado seriamente a insegurança no emprego e a inestabilidad nas condições de vida e de trabalho. - O Género é outro assunto importante, como pode ser visto na crescente feminização da pobreza e na persistência da violência contra a mulher. Estabelecer de fato a igualdade de homens e mulheres permanece no centro da luta contra a globalização neo-liberal. O desenvolvimento das campanhas femininas arredor do mundo é um claro sinal disso. - As Questões Ambientais, no sentido mais amplo, também estão no centro das rescentes lutas - tais como a rejeição do permiso de patentear a vida para as multinacionais, que tem conseguido patentear varias plantas e formas de vida em anos rescentes; a rejeição massiva dos organismos modificados genéticamente (OMGs); e a luta contra o artigo 27.3(b) do Acordo "TRIPS", que ameaça a própria existência das comunidades indígenas e seus conhecimentos tradicionais. - A Democracia é o quarto assunto desta campanha global. A vontade dos cidadãos de pegar as questões nas suas próprias mãos, de dar opinião sobre o futuro do planeta, tem sido expressa cada vez mais forte e massivamente, frente à instituições políticas e financeiras que tomam decisões sem nenhum controle real por parte das populações, e especialmente considerando o "lavado cerebral" ideológico, que intenta convencer-nos de que não existe alternativa para as atuais políticas neo-liberais. - Finalmente, a luta contra a xenofobia e o racismo e em prol da integração social e a igualdade para os imigrantes, é também um importante assunto na resistência global à globalização neo-liberal. Neste contexto,os movimentos sociais, os sindicatos e as ONGs devem, ao mesmo tempo: - construir e desenvolver movimentos o mais amplos possíveis, arredor de objetivos práticos. Conforme temos visto, com os Encontros Ministeriais ou do MAI da OMC em Seattle, e os do Banco Mundial e do FMI de Abril do 2000 em Washington, esta é uma forma vital de modificar o balanço de poder e de contra-atacar os responsáveis da globalização neo-liberal. Essas campanhas práticas também permitem construir e testar as alianças entre os diversos movimentos, nacional e internacionalmente; - discutir as alternativas ao modelo neo-liberal, bem como as questões que poderiam criar divisões entre os movimentos; - realizar progressos na coordinação dos movimentos a nivel internacional. 4. Discutir e Desenvolvel Alternativas A discussão que teve lugar em Seattle entre os sindicatos, as ONGs e os movimentos sociais, mostrou que existem diferentes enfoques, particularmente no referente ao meio-ambiente. A melhor maneira de ir adiante é construir uma base de poder e declarar novos direitos. Varias campanhas internacionais foram também objeto de debate e discussão, especialmente as relativas à dívida (o conceito de países mais pobres, ou de como controlar o uso dos fundos liberados pelo cacelamento da dívida) ou às instituições financeiras internacionais (sua reforma ou abolição). Entretanto, esses enfoques diferentes não tem sido - e não são- obstáculo para a ação conjunta. A recusa compartilhada à globalização neo-liberal, e o apoio geral dentro do movimento para centrar a luta no ser humano, fonte de inspiração muito rica pela sua diversidade, significa que os pontos de convergência entre os varios movimentos, estabelecem uma base o suficientemente sólida. Essa sinergia faz viável movimentar-se além de qualquer ponto divergente, nas possíveis estrategias para o desenvolvimento humano para criar propostas alternativas. 5. Solidariedade através da Ação Existem atualmente iniciativas múltiplas arredor do mundo, ações, campanhas e movimentos que demonstram o fato de que um outro tipo de mundo é possível - agora. Muitos estão baseados em objetivos muito práticos. Podemos mencionar: DÍVIDA Apelamos a todos os movimentos sociais, Norte e Sul, para lutar por: - cancelar toda a dívida dos países em desenvolvimento, por ser ilegítima, imoral e impossível de pagar; - apagar a assim chamada Iniciativa dos Países Pobres Pesadamente Endividados (IPPPE), por ser uma parodia do cancelamento da dívida. - acabar com os programas de ajuste estrutural para nações endividadas, do Banco Mundial/FMI. Convocamos para uma solução definitiva da crise da dívida, uma solução que seja justa, transparente e justificável perante os povos . Também convocamos a uma mobilização global de massas nas vêsperas da Cumbre dos Oito em Okinawa, do 21 ao 23 de Julho e para a Cumbre do Milénio da ONU em Nova York, o 6 de Setembro em NY, para que seja levada a cancelar a dívida, neste ano do milênio. O FUNDO MONETARIO INTERNACIONAL (FMI) E O BANCO MUNDIAL Esta Cumbre Alternativa exige mudanças radicais no FMI e no Banco Mundial. Por essa ração estamos fazendo um chamado para: 1. O Cancelamento total da dívida unilateral (com o FMI e ao Banco Mundial em particular), sem ajuste estrutural ou outras condições extremas impostas, incluindo como saõ gastos os fundos liberados. 2. Finalizar os programas de ajuste estrutural e todas as demais reformas econômicas, elaboradas e impostas de fôra, pelo FMI e o Banco Mundial, por serem anti-democráticas e terem desastrosas consequências sociais e econômicas nas populações locais. 3. Transparência e democratização do FMI e do Banco Mundial, que devem ser diretamente responsáveis perante os povos, ainda afetados pelas suas políticas e programas. A existência futura, estrutura e políticas destas instituições internacionais, devem ser determinadas através de processos democráticos e transparentes. 4. Respeito pelos Direitos Humanos, por parte dessas instituições internacionais, conforme definidos na Declaração Universal dos DH e pelas leis internacionais, e respeitar esses Direitos como a estrutura para seus projetos e políticas; e o tempo todo respeitar os compromissos nacionais para com os instrumentos do direito humano internacional e regional. 5. Redução dos poderes e responsabilidade do Banco Mundial, conforme proposto pela Campanha Internacional de Títulos de Banco Mundial. 6. A abolição do FMI e do Banco Mundial, por parte do movimento por um Mundo Alternativo, sem hesitação, caso essas instituições continuem operando dentro da estrutura da liberalização global. Fazemos um chamado para uma semana de ação mundial, portanto, arredor do 26 de Setembro, para que coincida com o encontro mundial de Praga do FMI e o Banco Mundial, para exigir mudanças radicais nos mesmos e uma nova estrutura para o sistema financeiro internacional. A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMERCIO O mundo não é uma mercadoría e a humanidade não é um recurso. Chegou o momento de reconhecer que o comercio internacional, e sua instituição dirigente, a OMC, nascida do Acordo de Marraquesh, estão em crise. É hora de substituir este sistema ultrapassado, iníquo e opressivo, por um esquema de comércio justo e duradouro, para o Século XXI. Continuamos a opormos a qualquer negociação adicional e a demandar a moratória de qualquer nova negociação que possa aumentar o poder e o escopo da OMC, assim como a exclusão da jurisdição da OMC de tais tópicos como: agricultura rural, serviços sociais e direitos de propriedade inteletual. Exigimos a imposição de controles e impostos sobre o capital. Deve ser garantido o acesso às necessidades básicas: setores tais como saúde, educação, cultura, moradia, méio-ambiente, água potável e outros essenciais, constituem direitos fundamentais. Esses setores não podem estar sujeitos às normas do comércio internacional, devendo, portanto, ser excluidos do Acordo Internacional de Bens e Serviços (GATS). Da mesma forma, as políticas que procuram promover e preteger a segurança alimentar, a auto-suficiência e a agricultura rural sustentável, nunca devem estar sujeitas a leis comerciais multilaterais. O Organismo de Solução de Disputas opera em secreto, usurpando os poderes legislativos e normativos de comunidades e estados soveranos. Portanto, deve parar de existir. As normas do comercio internacional devem ficar sujeitas às léis internacionais, conforme definido pela Declaração Universal dos Direitos Humanos; a Aliança Internacional pelos Direitos Civís e Políticos; o Acordo pela Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres; o Acordo Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais; e as varias convenções, convenios e protocolos internacionais, que garantem os direitos humanos e soberanos, elementais e fundamentais dos povos. O Acordo dos Aspectos Comerciais dos Direitos de Propriedade Inteletual (TRIPS), impulsiona a criação de monopólios que servem às corporações multinacionais. Nega o direito aos serviços médicos e aos remédios para a maioria. Resulta na privatização do conhecimento e da matéria humana, do comprometimento da biodiversidade, e recusa aos paises do hemisfério Sul melhorar seu desenvolvimento e seu conhecimento técnico, ou seus níveis de bem-estar econômico e social. O TRIPS não deve integrar a OMC. Condenamos as políticas implantadas pela OMC, o Banco Mundial, o FMI e o OECD. Denunciamos a forma em que os poderes políticos nacionais e regionais (incluindo a União Européia) mantem fidelidade aos intereses dos grupos transnacionais; do Foro Econômico Mundial; da Câmara Internacional de Comércio; da Mesa Redonda Européia; dos Serviços 2000; e das organizações que acreditam poder regular a imigração segundo os interesses do trabalho escravo. Nós, as organizações e movimentos signatários, nos compromotemos a trabalhar em prol de um sistema justo e democráticamente controlado de comércio internacional. Nós apoiaremos as lutas de todo tipo, em todos os países, através de campanhas de solidariedade internacional. CONTROLE DO FLUXO DE CAPITAIS E DOS PARAÍSOS FISCAIS A Taxa Tobin A Taxa Tobin se aplica só às transações de câmbio em divisas internacionais. Não é a única solução de todos os problemas e reclamações levantados pela globalização financeira. É um meio amplamente apoiado de controlar os fluxos de capital no mundo. Devido à sua simplicidade, a maneira como está estruturado e seu impacto, pode alcançar uma série de objetivos sinergéticos. É educacional e dinâmica, permitindo que os cidadões compreendam as razões que vinculam os problemas políticos, econômicos e sociais à globalização neo-liberal. Como ferramenta de luta contra a especulação financeira, permite, quando colocada num nivel suficientemente elevado, a diminuição da especulação financeira que desestabiliza a economía e que fréia os projetos nacionais que constrõem o progresso. Devido aos significativos ingressos que gera, como instrumento da política internacional, permite implantar uma estrutura internacional diferente, baseada na redistribuição e participação da riqueza. A Taxa Tobin é uma proposta prática e viável. Os sistemas de informática comumente utilizados pelos bancos permitiríam sua implantação muito facilmente. Depende sobre todo da vontade política. A maneira na qual os recursos produzidos pela Taxa seríam distribuídos está sendo discutido. Uma proposta é a criação de uma nova instituição internacional democrática, que tenha em conta as preocupações sociais e ecológicas, e que seria a responsável para administrar os recursos gerados pela Taxa. Isto é parte de um assunto mais amplo: a luta contra o desemprego e a exclusão. A desnormatização do mercado de trabalho anda de mãos dadas com as políticas que procuram, em nome da luta contra o desemprego, agravar a insegurança laboral e abaixar os salários. Também em nome da luta contra o desemprego, desmantelar os serviços sociais do estado. A melhor maneira de mudar a opinião do governo é mediante o peso da ação dos cidadãos. Inicialmente, isso poderá se organizar a um nivel Europeu. Devemos por tanto nos preparar para agir em conjunto numa campanha contra o desemprego e a insegurança laboral, durante a Cumbre da União Européia no próximo decembro. em Nice. Esta também será uma oportunidade para lutar pelos direitos sociais e a Taxa Tobin. Paraísos Fiscais. É impossível considerar a taxação sem considerar os paraísos fiscais, onde os valores do crime financeiro são reciclados. Os mesmos devem ser desmantelados. Esses paraisos são como um laço arredor do garganta do mundo. São empreendimentos comúns ligando três sócios: as multinacionais (fraude tributário; enormes comissões no mercado mundial; petróleo, armas, transportes, etc), organizações e Nações para lavágem de dinheiro (financiamento de partidos políticos e políticos). Está consequentemente claro que os governos e as nações são responsáveis. Todavía, eles não tem verdadeiro desejo de desmantelar tais paraísos, ainda que parte deles esteja lutando por isso. Os maiores paraísos fiscais não estão longe, mas em Londres, Genebra, Liechtenstein, Mónaco, etc. Nosso objetivo é destruir esses paraísos fiscais através de informação dirigida e campanhas de pressão, tais como marchar para um desses paraísos, para a sede de alguma multinacional, ou para varios deles simultaneamente. Também foi sugerido que o impacto dos paraísos sobre pequenos países devería ser estudado, e alternativas econômicas financiadas pelas nações do G7, uma vez que essas nações tenham se livrado dos tais paraísos. A LUTA CONTRA OS ACORDOS DE LIVRE COMÉRCIO Esses acordos são apresentados como necessários. Eles favorecem as corporações multinacionais e as elites locais, mas não podem satisfazer as necessidades dos povos; ao contrário, conduzem ao aumento da miséria e da exclusão. Os acordos bilaterais, regionais e internacionais, excluem a agenda social e ambiental e ignora a diferença entre as nações: todo o que fazem é favorecer o fluxo dos capitais e das elites através das fronteiras, impedindo o exercício da democracia. Com base nestas experiências negativas, nós rejeitamos o projeto de criação da ALCA (Area de Livre Comércio de América), proposto pelo governo dos EUA em conjunto com os outros governos da região, e também rejeitamos propostas semelhantes na África, Ásia ou qualquer outro lugar. Exigimos acordos comerciais justos e equitativos, que formem parte de um esquema duradouro de desenvolvimento, negociado com as populações em questão e com seu consentimento, e dirigido ao desenvolvimento social dos povos. A MARCHA MUNDIAL DE MULHERES 2000 Com mais de 4.500 grupos de 155 países, a Marcha Mundial de Mulheres 2000 é um movimento sem precedentes, lutando contra a pobreza e pela distribuição da riqueza. Objetiva lutar contra a violência anti-feminina e a desigualdade sexual. É parte de um corpo de movimentos sociais, sindicatos, grupos, associações, ONGs etc, que estão lutando contra a corrente de globalização neo-liberal, sugerindo alternativas e construindo uma rede de solidariedade arredor do planeta. A Marcha acredita que hoje, a globalização não é só um fenômeno neo-liberal e capitalista, mas também sexista. A situação imposta às mulheres só pode ser explicada pelo efeito combinado de duas forças globais: o capitalismo neo-liberal e o patriarcado? Estes se alimentam um do outro e se fortalecem mutuamente, para manter a vasta maioría das mulheres num estado de inferioridade cultural e censura social, nas márgens da economía, onde seu trabalho e sua própria existência são "invisíveis", e seus corpos tratados como mercadorías. Todo isso se soma numa "discriminação de gêneros". Infelizmente, Beijing+5 demonstrou que ainda é preciso percorrer uma longa distância, para que os direitos fundamentais das mulheres sejam respeitados. A Marcha procura construir um mundo onde hómens e mulheres sejam iguais, onde as mulheres fiquem livres de qualquer forma de violência e exploração, incluindo a violência doméstica, a violação, a prostituição, o tráfego sexual, a hostilidade sexual e social, e a violência oficial. A Marcha quer lutar contra as causas estruturais, de pobreza e violência, e por muitas das reclamações das mulheres, que são similares às dos demais movimentos sociais, mas dentro de uma perspectiva adicional de gênero: - Todos os Estados Nacionais devem estabelecer uma estrutura legal e estratégias para eliminar a pobreza, em particular a pobreza feminina. - Medidas urgentes, tais como as descritas nesta Resolução, devem ser implantadas. - Deve ser estabelecido um Conselho de Segurança Econômica e Financeira, para exercer controle politico sobre os mercados financeiros, e para definir normas mundiais para um novo sistema financeiro. Deverá incluir representantes da sociedade civil e garantir a participação tanto de hómens e mulheres como das partes Norte e Sul do globo. - Convênios e medidas destinadas a eliminar toda a violência contra as mulheres, devem ser instituidas. Deve-se dar atenção especial em considerar as reclamações lesbianas, pois a globalização não é só sexista mas também e em particular, descomprometida com os homosexuais. A Marcha exige que o princípio da igualdade sexual seja aplicado de imediato, em todos os comités e organizações que instituirá o movimento por um Mundo Alternativo, e que seja dado um espaço alternativo, dentro destas estruturas, aos representantes dos países do Hemisfério do Sul e aos grupos minoritários. A Marcha convida todos os movimentos a somar-se a todas as campanhas planejadas: - 14 de Outubro de 2000: Bruxelas, demonstração Europea; - 15 de Outubro de 2000: Washington, demonstração contra o Banco Mundial e o FMI; - 17 de Outubro de 2000: Nova York, frente ao prédio das Nações Unidas, onde uma delegação internacional da Marcha encontrará Kofi Annan, para explicar as reivindicações das mulheres e informá-lo da determinação da Marcha, de ter as mesmas atendidas. 7. Coordinação Internacional de Ações e Campanhas O impacto das campanhas internacionais e das demonstrações em Seattle e Washington, se deve em grande medida à forma em que foram levadas adiante: uma rede de grupos flexíveis e independentes se juntam para fazer campanha sobre assuntos práticos e de interesse mútuo. Isso é o que permite que diversos movimentos se agrupem para ações comuns. Ao mesmo tempo, é importante comparar notas e criar um fóro de debate, para enriquecer estes movimentos com a experiência acumulada de nossa luta contra a globalização neo-liberal. Para fazer isso, devemos construir uma aliança internacional muito flexível, baseada nas campanhas práticas que esses movimentos organizam. Isto já tem começado, construido sobre a base da vontade de têr uma agenda comúm, de conhecer-se mutuamente, de entender os interesses envolvidos nas ações de cada um, e da necessidade prática de intercambiar informações entre as regiões, campanhas de movimentos, para aumentar sua visibillidade e eficiência . Estabelecer a coordenação a nivel internacional, será um processo complexo. O enfoque que utilizamos deve fazer nosso movimento tanto mais amplo como mais profundo, num esforço consciente para reunir sindicatos, organizações de trabalhadores, mulheres, trabalhadores rurais, organizações culturais, etc. Esta estrutura de coordinação deve também se arraigar fortemente nas preocupações sociais e nas lutas dos povos e das populações envolvidas. Há várias formas de levar esse processo adiante: unindo campanhas por temas e regiões, procurando días comús de ação, as assermbleias populares, fazendo enfim uso mais eficiente da tecnología, da comunicação, dos secretariados de coordinação, etc. Entre os eventos próximos, esta Cumbre de Dakar, Dezembro 2000 em Senegal, e o Forum Social do Mundo em Porto Alegre, Brazil, em Dezembro do 2001, são duas importantes oportunidades de perseguir esse processo de discussão - com o objetivo de criar uma rede de ação internacional. |